Cenário de dunas, mar e sertão aguarda o fogo olímpico na terra do sol e do sal
Por Geraldo Gurgel
Quando ingressar no Rio Grande do Norte, a chama olímpica vai percorrer, inicialmente, um cenário de verdes canaviais entre a Paraíba e a Natal, onde pernoitará para uma merecida festa já em clima de festejos juninos. A capital potiguar promete receber o símbolo dos jogos olímpicos com uma grande celebração na noite do dia 4 de junho.Antes de entrar em Natal, a tocha olímpica vai passar por São José de Mipibú e Parnamirim, duas cidades da região metropolitana. A primeira, uma antiga missão indígena, ainda preserva a majestosa igreja de Santana e São Joaquim. Ao lado, fica a antiga Vila de Papary, hoje Nísia floresta, com sua igreja barroca dedicada à Nossa Senhora do Ó, um gigantesco baobá na pracinha e o túmulo de sua filha mais ilustre, Nísia Floresta Brasileira Augusta, tida como a primeira feminista brasileira. A rota da tocha é passagem obrigatória para destinos como Pipa, Tabatinga e Búzios, entre outras praias ao sul de Natal.Já Parnamirim, também conhecida como o Trampolim da Vitória, abriga a histórica Base Aérea usada pelos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial. O município ainda é sede da base de lançamento de foguetes da Barreira do Inferno e do frondoso cajueiro, mundialmente conhecidos pela sua copa em torno de 10.000 m², além das badaladas praias de Pirangí e Cotovelo.Enquanto a tocha voa para o arquipélago de Fernando de Noronha a uma hora de Natal, no dia 5, os potiguares continuarão no ritmo da sanfona que embala os arraiás do litoral ao sertão e no vai-e-vem dos buggys e dromedários pelas dunas de Genipabu ao norte da capital. Têm opções para todos os gostos e bolsos numa terra onde o sol brilha o ano interior. O visitante ainda tem a opção e se refrescar num banho de mar ou de inúmeras lagoas ao longo de 400 km de costa.No dia 6 de junho, a tocha retorna ao continente com uma incursão pelo sertão potiguar. No roteiro estão Lajes e Angicos, separadas pelo monumento natural do Pico do Cabugi, um vulcão extinto escalado pelos amantes do traking e praticantes do ecoturismo. Lajes ainda se orgulha de ter sido a primeira cidade brasileira administrada por uma mulher. A prefeita Alzira Soriano, eleita em 1928, quatro anos antes do voto feminino no Brasil.Após uma pausa em Angicos, a chama da Olímpiada chegará em Assu, cidade banhada pelo rio de mesmo nome, o maior do estado. Emoldurada por carnaubais, há mais de 200 anos Assu dedica o mês de junho ao padroeiro São João Batista com muita quermesse, novena, grandes shows populares, festivais de quadrilhas e o auto de São João, encenado na frente da matriz.
Já em Mossoró, o fogo olímpico fará mais um pernoite antes de ingressar no Ceará. A segunda maior cidade do Rio Grande do Norte realiza o maior São João do estado. Um caldeirão cultural com agenda e espaço para diferentes manifestações artísticas. Destaque para o espetáculo “Chuva de Bala no País de Mossoró”. A encenação relembra a vitória da cidade contra o bando de Lampião no dia de Santo Antônio. A igreja de São Vicente, cenário do espetáculo, ainda mantém na torre as marcas das balas do fatídico dia 13 de junho de 1927 quando o cangaceiro Jararaca caiu ferido e foi morto.
Além de outras três igrejas que serviram de trincheiras contra o ataque, do Palácio da Resistência e da Estação das Artes, centro cultural situado na sede da antiga estrada de ferro, o corredor cultural de Mossoró ainda leva o visitante ao Memorial da Resistência ao cangaço. Já o museu da cidade que abriga rico material histórico no prédio da antiga Cadeia Pública, testemunhou boa parte da história libertária da cidade. Foi palco da abolição dos escravos pela Sociedade Libertadora Mossoroense antes da lei Áurea e do primeiro voto feminino. Celina Guimarães Viana foi a primeira brasileira a ter título de eleitora em 1927.
Aos menos aficionados em história, Mossoró ainda é conhecida pelas suas águas termais e pirâmides de sal na foz do rio que banha a cidade. Cerca de 95% do sal brasileiro é extraído da região de Mossoró. Além da beleza exótica das salinas, as cidades vizinhas de Tibau, Grossos e Areia Branca, ainda oferecem praias de areias finas e brancas dunas praticamente inexploradas.
Desde 2003, o Ministério do Turismo já realizou mais de mil contratos para apoiar o desenvolvimento do turismo no Rio Grande do Norte. São R$ 430 milhões em obras de infraestrutura turística, sendo R$ 386 milhões de responsabilidade do MTur, com destaque para a reforma do Centro de Convenções de Natal; reurbanização da orla e implantação do Museu da Rampa, também na capital, e para o teleférico de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz, no interior do estado.
A tocha visitará sete cidades do Rio Grande do Norte com pernoites em Natal e Mossoró. Saiba quais são:
São José de Mipibu
Parnamirim
Natal
Lages
Angicos
Assu
Mossoró
Ouça áudio / download (mp3) em que o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, frisa a importância do revezamento da Tocha para a divulgação de atrativos.
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